segunda-feira, 29 de julho de 2019

Biografia de Ariano Suassuna


Ariano Suassuna (1927- 2014) foi um escritor brasileiro. "O Auto da Compadecida", sua obra-prima, foi adaptada para a televisão e para o cinema. Sua obra reúne, além da capacidade imaginativa, seus conhecimentos sobre o folclore nordestino. Foi poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado. Em 1989, foi eleito para a cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi eleito para a cadeira nº 18 da Academia Pernambucana de Letra e em 2000, ocupou a cadeira nº 35 da Academia Paraibana de Letras.

Infância e Formação

Ariano Vilar Suassuna (1927-2014) nasceu no Palácio da Redenção, na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, em 16 de junho de 1927. Filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, na época, governador da Paraíba, e de Rita de Cássia Dantas Villar foi o oitavo dos nove filhos do casal. Passou os primeiros anos de sua infância na fazenda Acahuan, no município de Sousa, no sertão do Estado.
Durante a Revolução de 1930, seu pai, ex-governador da Paraíba e então deputado federal, foi assassinado por motivos políticos, no Rio de Janeiro. Em 1933, a família muda-se para Taperoá, no sertão da Paraíba, onde Ariano iniciou seus estudos primários. Teve os primeiros contatos com a cultura regional assistindo as apresentações de mamulengos e os desafios de viola.
Em 1938, a família muda-se para a cidade do Recife, Pernambuco, onde Ariano entra para o Colégio Americano Batista, em regime de internato. Em 1943 ingressa no Ginásio Pernambucano, importante colégio do Recife. Sua estreia na literatura se deu nas páginas do Jornal do Comércio, em 1945, com o poema “Noturno”. Em 1946 ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, junto com Hermilo Borba Filho, entre outros. Em 1947, escreve sua primeira peça "Uma Mulher Vestida de Sol". No ano seguinte escreve "Cantam as Harpas de Sião". Em 1950, conclui o curso de Direito. Dedicou-se à advocacia e ao teatro.

O Auto da Compadecida

Em 1955, Ariano escreve a peça "O Auto da Compadecida" que se enquadra na tradição medieval dos Milagres de Nossa Senhora, em que numa história mais ou menos profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora. Em estilo simples, o humor e a sátira une-se num tom caricatural, porém com sentido moralizante. Ariano traz uma visão cristã sem se aprofundar em discussões teológicas, denunciando o preconceito, a corrução e a hipocrisia. No dia 11 de setembro de 1956 estreia a peça no Teatro Santa Isabel. No ano seguinte, a peça estreia no Rio de Janeiro no 1º. Festival de amadores nacionais.

Professor de Estética

A partir de 1956, Ariano Suassuna passou a dar aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco e abandona a advocacia. Em 1957 casa-se com Zélia de Andrade Lima, com quem teve cinco filhos. Permanece como professor até 1994, quando se aposenta, porém em 2008 volta a dar aulas na UFPE, no curso de Letras, ministrando a cadeira de Estética.

Movimento Armorial

Em 1970, Ariano Suassuna cria e dirige o Movimento Armorial, com o objetivo de realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares. Mais do que um movimento, o armorial buscava ser um preceito estético, que partia das ideias de que é preciso criar a partir de elementos realmente originais da cultura popular do país, como os folhetos de cordel, os cantadores, as festas populares, entre outros aspectos.

Romance d’A Pedra do Reino

Em 1971, Ariano Suassuna publica "Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, com mais de 700 páginas, que demorou dez anos para ser concluído. No relato do personagem “Quaderna” utiliza elementos de cordel, da epopeia, do romance de cavalaria, das tradições populares e do mito de  Dom Sebastião para construir uma farsa que transita entre o popular e o erudito ao mesmo tempo.. No ano seguinte recebe o Prêmio de Ficção Nacional conferido pelo Ministério de Educação e Cultura.

Academia Brasileira de Letras

Ariano Suassuna escreveu 15 livros de romance e poesia e 18 peças de teatro. Suas obras “A Mulher vestida de Sol”, “Romance d’A Pedra do Reino” e “O Auto da Compadecida”, foram transformadas em séries e filmes. Em 1989, Ariano foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1990 assumiu a cadeira nº. 32.

Aula Espetáculo

Em 1995 assume a Secretaria Estadual de Cultura, no governo de Miguel Arraes. AS aulas-espetáculos se tornam um projeto de governo para difundir no Estado e no Brasil a cultura Pernambucana. Ariano recebia inúmeros convites para realizar "aulas-espetáculos" em várias partes do país onde, com seu estilo próprio e seus "causos" imaginativos, deixava o público encantado.

Últimos Anos

Em 2007, Ariano Suassuna assume a Secretaria Especial de Cultura do Estado, convidado por Eduardo Campos. No segundo mandato do governador, Ariano passa a integrar a Assessoria Especial do governo de Pernambuco.

Obras de Ariano Suassuna

Uma Mulher Vestida de Sol, 1947
Cantam as Harpas de Sião (ou o Despertar da Princesa), 1948
Os Homens de Barro, 1949
Auto de João da Cruz, 1950 (Prêmio Martins Pena)
Torturas de um Coração, 1951
O Arco Desolado, 1952
O Castigo da Soberana, 1953
O Rico Avarento, 1954
Ode, 1955 (poesia)
O Auto da Compadecida, 1955
O Casamento Suspeito, 1956
A História de Amor de Fernando e Isaura, 1956
O Santo e a Porca, 1958
O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, 1958
A Pena e a Lei, 1959
A Farsa da Boa Preguiça, 1960
A Caseira e a Catarina, 1962
O Pasto Incendiado, 1970 (poesia)
Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, 1971 (parte da trilogia)
Iniciação à Estética, 1975
A Onça Castanha e a Ilha Brasil, 1976 (Tese de Livre Docência)
História d'O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana, 1976 (parte da trilogia)
Sonetos Com Mote Alheio, 1980 (poesia)
Poemas, 1990 (Antologia)
Almanaque Armorial, 2008.

Ariano Suassuna faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, decorrente das complicações de um AVC hemorrágico.



Biografia de Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe (1809-1849) foi um poeta, escritor, crítico literário e editor norte-americano. Autor do famoso poema “O Corvo”. Escreveu contos sobre mistério, inaugurando um novo gênero e estilo na literatura.
Edgar Allan Poe nasceu em Boston, nos Estados Unidos, no dia 19 de janeiro de 1809. Filho de atores ambulantes, quando tinha um ano, o pai deixou a casa e, no ano seguinte a mãe faleceu. Com dois anos foi adotado por um rico comerciante escocês. Fez seus primeiros estudos em Glasgow, na Escócia, e em um internato em Londres, onde a família se estabeleceu.
Em 1820 já estava de volta aos Estados Unidos onde continuou os estudos em uma escola de Richmond, Virgínia. Em 1823 escreveu seus primeiros poemas. Em 1826 ingressou na Universidade de Virgínia. Nessa época envolveu-se com o jogo e o álcool. Tinha uma relação conflituosa com o pai adotivo.
Primeiros Poemas
Em 1827 publicou seu primeiro livro de poemas “Tarmelão e Outros Poemas”. Em 1829 vai viver com sua tia e uma prima. Em 1830, Allan Poe ingressa na Academia Militar de West Point. Depois de oito meses foi expulso por indisciplina. Em 1831 publica o livro “Poemas”. Em 1833 recebe um prêmio do Saturday Visitor, por seu “Manuscrito Encontrado Numa Garrafa”.
Em 1835 Allan Poe tornou-se editor literário da Soltber Literary Messenger. Nesse mesmo ano, casa-se com sua prima de apenas 13 anos. Seu problema com a bebida se agravou, sendo despedido do emprego. Muda-se para Nova Iorque, trabalha em alguns periódicos e escreve suas obras. Em 1847 sua mulher morre, agravando ainda mais o seu vício com o álcool.
Em 1849, após viajar de Richmond para Baltimore, perde-se pelas ruas, sendo encontrado bêbado, delirando em uma taberna e levado para um hospital onde passa seus últimos dias.
Edgar Allan Poe morre em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, no dia 7 de outubro de 1849.
Características da Obra de Edgar Allan Poe
Allan Poe deixou poemas, contos, romance com temas de mistério e de horror. Muitas de suas obras exploram a temática do sofrimento causado pela morte. O poeta acreditava que nada seria mais romântico que um poema sobre a morte de uma mulher bonita.
É considerado o criador do conto policial, seus poemas mergulham na tristeza e as narrativas em temas de morte, que refletiam os tormentos do autor. Por outro lado, possuía grande capacidade analítica sendo considerado o pai das modernas histórias de detetive. Sua primeira novela policial foi “Assassinatos na Rua Morgue” (1841).
Suas obras foram um marco para a literatura norte-americana contemporânea, com destaque para "Contos do Grotesco e Arabesco"  (1837), contos que influenciaram diversas gerações de escritores de livros de suspense e terror, e os poemas, “O Gato Preto” (1843), “O Corvo e Outros Poemas” (1845) e “Annabel Lee” (1849).
O Corvo
Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,
E que ninguém chamará jamais.
Outras Obras de Edgar Allan Poe
·         Poemas (1831)
·         Berenice (1835)
·         A Queda da Casa de Usher (1839)
·         O Retrato Oval (1842)
·         O Poço e o Pêndalo (1842)
·         O Coração Revelador (1843)
·         Filosofia da Composição (1845)
·         O Barril de Amontillado (1846
Edgar Allan Poe morre em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, no dia 7 de outubro de 1849.






Biografia de William Shakespeare


William Shakespeare (1564-1616) foi um dramaturgo e poeta inglês. Autor de tragédias famosas como "Hamlet", "Othelo", "Macbeth" e "Romeu e Julieta". É considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.
William Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon, no condado de Warwick, Inglaterra, no dia 23 de abril de 1564. Filho de John Shakespeare e de Mary Arden, seu pai foi comerciante de lã e chegou a tesoureiro e prefeito de Stratford. Estudou no colégio da cidade e com 13 anos, a família empobreceu, o jovem teve que deixar os estudos e trabalhar no comércio do pai. Com 18 anos, casa-se com a aldeã Anne Hathaway, nove anos mais velha que ele. Cinco meses depois, nasce sua primeira filha Susan, e em seguida os gêmeos Judith e Hamnet. Nessa época, Shakespeare já escrevia versos e assistia todas as representações das companhias que chegavam a Stratford.
Em 1586, o jovem Shakspeare se envolveu com más companhias e foi obrigado a deixar a família e se refugiar em Londres. Trabalhou em várias funções, entre elas, foi guardador de cavalos na porta do teatro de James Burbage, o primeiro teatro de Londres. Logo estava prestando serviços nos bastidores, copiando peças ou representando pequenos papeis. Nessa época, período do reinado de Elizabeth I, Londres vivia uma intensa atividade artística. Shakespeare estudou muito e leu autores clássicos, novelas, contos e crônicas, que foram fundamentais para sua formação de dramaturgo. Logo, Shakespeare passou a ser o copista oficial da companhia, representava, e em 1589 já adaptava peças de autores anônimos. Logo estava escrevendo o maior número das peças apresentadas no Globe Theatre.  
A arte de Shakespeare compreende 37 peças teatrais, entre comédias românticas, tragédias e dramas históricos. As obras de Shakespeare foram divididas em três fases que acompanham o amadurecimento do dramaturgo. Compreende também dois poemas narrativos: “Vênus e Adonis” (1593) e “Lucrécia” (1594), dedicados ao seu protetor Henry Wriotherly, conde de Chamberlain, e 154 sonetos, escritos provavelmente entre 1593 e 1598.
A primeira fase (1590 a 1602)
Na primeira fase, teria Shakespeare escrito comédias alegres, peças da história inglesa e tragédias em estilo da Renascença. Em 1594, já era membro destacado da melhor companhia da época, a Lord Chamberlain’s Company of Players. São dessa época:
·         Titus Androniccos (1590)
·         A Comédia dos Erros (1591)
·         Henrique VI (1592) (a primeira peça da história inglesa)
·         Ricardo III (1592)
·         A Megera Domada (1593)
·         Henrique III (1593)
·         Romeu e Julieta (1594)
·         Ricardo II (1595)
·         Sonho de Uma Noite de Verão (1595)
·         Rei João (1596)
·         O Mercador de Veneza (1596)
·         Henrique IV (1597)
·         Love’s Labour’s Lost (1598)
·         Henrique V (1598)
·         Muito Barulho Em Torno de Nada (1598)
·         Como Quiserdes (1599)
·         As Alegres Comadres de Windsor (1600)
·         Júlio César (1600)
·         Hamlet (1601)
·         Noite de Reis (1602)
“Romeu e Julieta” foi a primeira grande obra de Shakespeare. Um insípido poema narrativo de Arthur Brooke, que foi transformado na mais célebre de todas as tragédias de amor. É uma das mais famosas obras do dramaturgo.
“Hamlet” (Hamlet, príncipe da Dinamarca) é uma obra ostensivamente filosófica. Nos célebres monólogos de Hamlet todos os valores da Renascença e da condição humana, são postos em dúvida. Na célebre frase "Ser ou não ser, eis a questão", Hamlet quer dormir e sonhar, mas indaga se o sonho da morte não será um sonho como os outros. Hesitante entre a fria execução de uma vingança e o sentimento de piedade, Hamlet rebela-se contra o destino. Essa tragédia, da dúvida e do desespero, é também uma das obras mais famosas de autor.
A segunda fase (1603-1610)
Na segunda fase, Shakespeare é o dramaturgo barroco das tragédias grandiosas e das comédias amargas. Em 1603, torna-se sócio do Globe Theatre. São dessa época as peças:
·         Tudo é Bom Se Acaba Bem (1603)
·         Medida Por Medida (1603)
·         Othello (1604)
·         Macbeth (1606)
·         Rei Lear (1607)
·         Antônio & Cleópatra (1607)
·         Coriolanus (1607)
·         Cymbeline (1610)
Shakespeare foi magistral no trato dos personagens que povoaram seu mundo. Na obra, Othello, o Mouro de Veneza, "Iago" é, entre todos os criminosos do dramaturgo, o mais diabólico. Macbeth é o resumo da ambição e do remorso, senso considerada a obra mais trágica do autor. Em 1611, depois de acumular alguma fortuna, Shakespeare retira-se para Stratford, onde já possuía casas e terrenos.
A terceira fase (1610-1616)
A terceira fase da obra de Shakespeare é marcada por peças menos trágicas, com desfecho conciliatório, entre elas:
·         A Tempestade (1611)
·         Henrique VIII (1613) (escrita em parceria com John Flecher)
Em 1611, depois de acumular alguma fortuna, Shakespeare retira-se para Stratford, onde já possuía casas e terrenos. 

William Shakespeare faleceu em Stratford-upon-Avon, no dia 23 de abril de 1616, pouco depois de ter feito seu testamento. Foi enterrado na Trinity Church, em Stratford. As peças de Shakespeare são as mais encenadas em todo o mundo.


Biografia de Fernando Pessoa


Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português. Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu profundo”, suas inquietações, sua solidão e seu tédio. Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo, criou heterônimos, poetas com personalidades próprias que escreveram sua poesia.
Infância e Juventude
Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888. Filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, e de Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade.
Seu padrasto era o comandante militar João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família Fernando Pessoa seguiu para a África do Sul, onde recebeu educação inglesa no colégio de freiras e na Durban High School.
Carreira Literária
Em 1901, Fernando Pessoa escreveu seus primeiros poemas, em inglês. Em 1902 a família voltou para Lisboa. Em 1903 Fernando Pessoa retornou sozinho para a África do Sul e frequentou a Universidade de Capetown (Cabo da Boa Esperança). Regressou a Lisboa em 1905 e matriculou-se na Faculdade de Letras, onde ingressou no curso de Filosofia. Em 1907 abandonou a faculdade.
Em 1912, Fernando Pessoa estreou como crítico literário na revista “Águia” e poemas em “A Renascença” (1914). A partir de 1915 liderou o grupo mentor da revista “Orpheu”, entre eles, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada-Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho. A revista foi a porta-voz dos ideais de renovação futurista desejados pelo grupo, defendendo a liberdade de expressão, numa época em que Portugal atravessava uma profunda instabilidade político-social da primeira república.
Nessa época. Criou seus heterônimos principais. A revista Orpheu teve vida curta, mas enquanto durou, Fernando Pessoa publicou poemas que escandalizaram a sociedade conservadora da época. Os poemas “Ode Triunfal” e “Opiário”, escritos por seu heterônimo “Álvaro de Campos”, provocaram reações violentas levando os “orfistas” a serem apontados, nas ruas, como “loucos” e “insanos”.
Heterônimos de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo. Tendo sido "plural", como se definiu, criou personalidades próprias para os vários poetas que conviveram nele. Cada um tem sua biografia e traços diferentes de personalidade. Os poetas não são pseudônimos e sim heterônimos, isto é, indivíduos diferentes, cada qual com seu mundo próprio, representando o que angustiava ou encantava seu autor:
·         Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 16 de abril de 1889. Órfão de pai e mãe, só teve instrução primária e viveu quase toda a vida no campo, sob a proteção de uma tia. Poeta de contato com a natureza, extraindo dela os valores ingênuos com os quais alimenta a alma. Para Caeiro, “tudo é como é”, “tudo é assim como é assim”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem a mediação do pensamento. O poema “O Guardador de Rebanhos” mostra a forma simples e natural de sentir e dizer desse poeta. Alberto Caeiro morreu tuberculoso, 1915.
·         Ricardo Reis nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Teve formação em escola de jesuítas e estudou medicina. Monarquista, exilou-se no Brasil, por não concordar com a Proclamação da República Portuguesa. Foi profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, grego e mitologia. A obra de Reis é a ode clássica, cheia de princípios aristocráticos.
·         Bernardo Soares é um dos heterônimos que o próprio Fernando Pessoa definiu como sendo um “semi-heterônimo”. É o autor do Livro Desassossego.
·         Álvaro de Campos foi o mais importante heterônimo de Fernando Pessoa, nasceu no extremo sul de Portugal, em Tavira, em 15 de outubro de 1890. É o poeta moderno, aquele que vive as ideologias do século XX. Estudou Engenharia Naval, na Escócia, mas não podia suportar viver confinado em escritórios. De temperamento rebelde e agressivo, seus versos reproduzem a revolta e o inconformismo, manifestados através de uma verdadeira revolução poética. Escreveu “Ode Triunfal”, “Ode Marítima” e “Tabacaria”.
Segue uma estrofe de um dos mais importantes poemas de Álvaro de Campos “Tabacaria”. O longo poema é exemplo marcante do desalento que caracteriza o poeta:
   Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Fernando Pessoa Como Ele Mesmo
Mestre da poesia, Fernando Pessoa mostrou muito pouco de seu talento em vida. Foi na época em que colaborava com a revista “Presença” (1927), que sustentava a liberdade de expressão e apregoava a emoção estética como o real objetivo do Movimento Modernista. Além das representações poéticas dos heterônimos, há os poemas de Fernando Pessoa, ele mesmo, como “O Nada que é Tudo”, ou ainda, os famosos versos da “Autopsicografia” que enunciam o mistério da criação poética que ele próprio sentiu:
  Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Em 1934, Fernando Pessoa candidatou-se ao prêmio de poesia do Secretariado Nacional de Informações de Lisboa, com a obra “Mensagem” - seu único livro publicado em vida, obtendo o segundo lugar. Em “Mensagem” (1934), o poeta faz uma réplica de Os Lusíadas a partir de uma perspectiva nacionalista mística. Atuando como um verdadeiro sebastianista, prega a volta do rei D. Sebastião – morto na África em 1578 – para restaurar Portugal e o Quinto Império.
Obras Publicadas em Vida
·         35 Sonetos
·         Antinous
·         Inscriptions
·         Mensagem, 1934
Obras Póstumas
·         Poesias de Fernando Pessoa, 1942
·         Poesias de Álvaro de Campos, 1944
·         A Nova Poesia Portuguesa, 1944
·         Poesias de Alberto Caeiro, 1946
·         Odes de Ricardo Reis, 1946
·         Poemas Dramáticos, 1952
·         Poesias Inéditas I e II, 1955 e 1956
·         Textos Filosóficos, 2 v, 1968
·         Novas Poesias Inéditas, 1973
·         Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pessoa, 1974
·         Cartas de Amor de Fernando Pessoa, 1978
·         Sobre Portugal, 1979
·         Textos de Crítica e de Intervenção, 1980
·         Carta de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões, 1982
·         Cartas de Fernando Pessoa a Armando Cortes Rodrigues, 1985
·         Obra Poética de Fernando Pessoa, 1986
·         O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, 1986
·         Primeiro Fausto, 1986

Fernando Pessoa faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 30 de novembro de 1935, vítima de cirrose hepática.