terça-feira, 26 de agosto de 2014

Carta aberta Rio Paruá


Venho através desta, mostrar o meu descontentamento com quase todos os que usufruem da minha vida, e fazem isso de uma forma tão errônea que eu não sei mais o que fazer, e nem para quem pedir socorro. Mais antes de relatar a minha angústia e penúria, gostaria de falar um pouco da minha trajetória ao longo dos séculos. Tenho a minha nascente na serra azul no povoado conhecido como quadra B – 6, com um percurso de 115 km, banhando os povoados pitu, lelau, cizino, paruá, alto do abel, bebedouro, abaixadinho, mata azul e são Joaquim, e tendo a minha desembocadura no rio Turiaçu, já dentro do município de santa helena. Sendo assim, a principal bacia hidrográfica de Santa Luzia do Paruá. Tenho como afluentes; os rios mucura, taboca e o igarapé tracuá; e como subafluentes o jacu e diversos igarapés. Mesmo com todas essas artérias jogando água em meu curso, estou agonizando e morrendo aos poucos. Já fui um dia, o maior oásis de vida desse município, onde a fauna e a flora era uma abundancia só. Pescados! Num faltava! Espécies diversificadas. Mais ai vem o pior! O homem com o seu instinto devastador, e que é o maior beneficiado de tudo o que eu produzo, acabando com tudo. Falo com tudo! Porque nos dias atuais, eu não consigo mais criar nem girino. Ninguém respeita a piracema, período em que o peixe precisa subir até a nascente para desovar. No verão toda a minha margem que vai da pitu ao são joaquim, mais parece a praia de Copacabana em período de férias. E se não bastasse tudo isso, ainda tem! O desmatamento e a retirada ilegal de material para a construção civil. Diminuindo o meu curso e como consequência maior o meu assoreamento. O que fazer? E como fazer para que essa situação se inverta? Acredito que estou com os dias contados, além do mais, quem poderia cuidar de mim faz de conta que nada está acontecendo. Digo isso porque existem entidades em nossa cidade que a principal função seria me selar, vigiar – me diuturnamente. Se não for suficiente? O estado tem o IBAMA, que tão bem cuida dos meus irmãos em outras federações. Eu pergunto? Por que em outras regiões e estados às pessoas são educadas para respeitar o meio ambiente? Será que as autoridades responsáveis irão continuar com os olhos fechados, vendo a minha agonia? Acredito que sim! E se nada for feito urgentemente, o que vai ficar é só uma linda história do que um dia eu fui. Um rio que ajudou a criar e formar muito cidadão desta terra. E que não souberam cuidar desse patrimônio tão valioso que sou eu o RIO PARUÁ........

Texto por:

Silvio Silva

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